domingo, 11 de agosto de 2013

Acampamento

Lia:

Sai correndo e me joguei nos braços dele o abraçando. Eu estava tão feliz por vê-lo alí que nem conseguia expressar o tamanho da minha felicidade.

–Você veio!Falei ainda o abraçando.

–Eu tinha que vir ou se não você iria me matar lembra?Perguntou rindo.

–Vitor que bom que você veio!Disse Mathias.

–Pra dentro do ônibus meus amores!!Disse Robson.

–Vem comigo!Disse e segurei na mão dele.

Entramos no ônibus juntos e de mãos dadas. Estava pouco me importando com o que os outros iriam pensar. Só o que me importava era o Vitor saber que eu estava alí com ele.

–O que você tinha dito mesmo Polly?Perguntei ao passar por ela junto com Vitor.

Nos sentamos por trás da Ju e do Gil. Fatinha estava mais a frente junto com o Dinho. Não sei como ela consegue ser amiga daquele idiota.

–Não sabe o quanto eu estou feliz por você ter vindo!Falei sorrindo.

–Isso tudo é porque não vai ter mais que segurar vela com JuGil?Perguntou ele rindo.

–Claro que não seu bobo! Esse acampamento não teria a minima graça sem você!

–Olha que falando desse jeito eu acredito heim?

–E é pra acreditar mesmo!Posso te perguntar uma coisa?

–Claro, pergunte o que quizer!

–Porque você tem trauma de floresta?Perguntei séria.

–Fiquei perdido uma vez quando era criança. Passei 10 dias perdido na flores e quase morri.Disse ele olhando para o chão. – É um trauma idiota eu sei mas...

–Vitor, eu já te disse que nenhum trauma é idiota. Eu sei o quanto é dificil enfrentar o que a gente tem medo e por isso eu sei o quanto foi dificil você ter decidido vir. Eu só quero que saíba que você não está sozinho. Eu vou estar com você e juntos vamos superar isso!Falei segurando a mão dele entre as minhas.

–Obrigado Lia. Eu não sei o que faria se você não estivesse aqui.Disse ele sorrindo.

Passei a viagem toda conversando com o Vitor. Tentava distrair ele ao máximo. Eu sabia que enfrentar um trauma não era fácil pra ninguém, mas eu tinha certeza que o Vitor iria superar esse. A Ju e o Gil também conversaram um pouco com a gente, mas preferiram ficar se pegando enquanto o Robson não os via.

Quando finalmente chegamos ao acampamento o Vitor ficou parado sem se mexer. Ele estava tendo uma crise de pânico.

–Vitor, olha pra mim!Pedi e ele me atendeu. – Você vai sair desse ônibus e vai se divertir muito comigo. Eu nunca vou te deixar!

Ele pareceu me escutar e segurou minha mão enquanto saíamos do ônibus. Estávamos no meio da floresta e era realmente um lugar muito bonito. Vitor apertou ainda mais a minha mão.

–Olha que lugar lindo Vitor! Nada de ruim vai acontecer com você, eu prometo!Falei sorrindo.

–E não é que o Vitinho veio mesmo? Não fica com medo não que o bicho papão não vai te pegar!Disse Dinho rindo.

–Dinho para de ser idiota cara! Isso não é um assunto pra brincadeirinhas bobas!Disse Ju com raiva.

–Você perdeu o amor a vida foi Dinho? Deixa o meu anjo em paz idiota!Disse Fatinha chateada.

–Muito idiota o que você fez Dinho!Reclamou Gil.

–Essas coisas idiotas só podem vir de você né? Mas até onde eu sei, é você quem tem medo do bicho papão né Dinho?Perguntei o provocando. – Pois é pessoal, o Dinho aventureiro tem medinho de palhaço. Não é fofo?

–Deixa de ser mentirosa garota!Gritou ele furioso enquanto toda a turma ria.

–Você quer rir do medo dos outros mas quando riem do seu você fica bravinho? Quanta maturidade!Falei e saí andando junto com o Dinho.

–Atenção alunos!!Disse Robson bem alto. – Em cada barraca irão ficar duas pessoas. No caso, dois meninos e na outra duas meninas. Nada de barracas mistas ok?

–Mais que droga! Isso não é justo!Disse Fatinha.

–Calada dona Maria de Fátima!Disse Robson nervoso. – Na primeira barraca irão ficar: Ju e Lia!

–É isso aí amiga!Disse Ju sorrindo.

–Na outra irão ficar: Gil e Vitor.

–Você vai ficar com o meu irmão! Não é tão ruim assim né?Perguntei sussurrando.

–Se ele gostasse de mim, séria ótimo!Disse ele sorrindo.

–Na terceira barraca irão ficar: Luana e Fatinha!

–Mais nem morta eu fico na mesma barraca que a Chaveirinho!Disse Fatinha irritada. – Eu prefiro dormir com as cobras do que com ela!

–Também não quero dormir com essa louca!Disse Luana.

–Robson, se eu dormir com essa versão de Polly falsificada eu vou acabar matando ela durante a noite e eu não quero ser presa! Posso trocar com a Ju?Pediu Fatinha.

–Nem pensar Fatinha! Eu não vou dormir na mesma barraca que essa cobra!Disse Ju.

–Meninas vamos parar de confusão! Ninguém aqui vai trocar de barraca com ninguém, estamos entendidas dona Maria de Fatima?Perguntou Robson.

–Tá né? Se não tem outro jeito. Mas se ela me encher eu jogo ela no formigueiro!Disse Fatinha chateada.

Depois que a divisão das barracas foram feitas, cada um foi para a sua guardar as mochilas. O nosso professor de biólogia disse pra gente ir na praia fazer uma atividade, mas eu achei melhor ficar e ensinar o Vitor a superar o medo dele.

–Nós não vamos à praia?Perguntou Vitor quando todos foram embora.

–Claro que não! Você tem trauma de floresta e não de praia!Falei enquanto o guiava em meio à floresta. – Eu vou te mostrar que pode ser muito divertido.

–Lia você sabe pra onde a gente tá indo?Perguntou ele nervoso.

–Calma Vitor! Eu fiz uma pesquisa sobre a área e sei exatamente pra onde a gente tá indo!

–Então me diga pra onde estamos indo?Perguntou ele parando de andar.

–Nós vamos dar um mergulho!Falei sorrindo divertida.

–Como?

–Confia em mim tá?!

Andamos mais um pouco e chegamos a uma linda cachoeira. Era simplesmente o lugar mais lindo que eu já tinha visto.

–Gostou?Perguntei sorrindo.

–É muito lindo! Como descobriu esse lugar?Perguntou ele observando a paisagem.

–Eu tenho os meus métodos!Falei sorrindo.

Eu iria mostrar para o Vitor o quanto aquele acampamento pode ser divertido. Ou eu não me chamo Lia Martins!

Vitor:

A Lia estava me ajudando pra caramba com o meu medo idiota de floresta. Se não fosse por ela eu não teria vindo pra esse acampamento. Só agora me dou conta do quanto o meu sentimento pela Lia é forte, pois só ela pra me fazer enfrentar um dos meus maiores medos.

Estavamos em uma linda cachoeira e não era só a cachoeira que era linda alí. A Lia estava simplesmente perfeita com os cabelos ao vento e aquele sorriso lindo no rosto.

–Vamos pra água?Perguntou começando a tirar a blusa.


–Não tá fria?Perguntei olhando para ela.

–Não me diga que tem medo de água fria Vitor?!Disse ela rindo.

–Vou te mostrar quem tem medo de água fria!Falei sorrindo e tirando minha camisa.


Tirei minha calça enquanto a Lia tirava o short´s dela. Preciso dizer que fiquei babando quando a vi só de biquini? Como ela conseguia ser tão perfeita daquele jeito? Eu já a achava linda vestida e de biquini então...só faltou o babador!

Peguei ela no colo de surpresa e pulei com ela na água. Mergulhamos juntos e voltamos a superficie um tempo depois.

–Você quase me matou de susto sabia?Perguntou ela jogando água em mim.

–E agora, quem tá com medo de água fria?Perguntei rindo.

Ficamos curtindo a água e implicando um com o outro por um tempo, até a Lia se aproximar de mim e me abraçar.

–Obrigado por ter vindo! Estou muito orgulhosa de você!Disse ela colocando os braços ao redor do meu pescoço juntando ainda mais os nossos corpos.

–Estou começando a achar que acampar não é tão ruim!Falei rindo. – Obrigado por estar comigo Lia.

–Eu não fiz nada. Tudo o que você conseguiu até agora é mérito seu!

–É muito bom ficar assim com você sabia?Perguntei me aproximando ainda mais dela.

–Também gosto de ficar com você e você sabe muito bem disso!Disse ela sorrindo.

–Queria te beijar de novo.Falei olhando para a boca dela.

–Então porque não beija?Perguntou ela me encarando.

Não resisti e a beijei. A vontade de beijá-la era enorme e a falta que eu sentia disso era quase inexplicável. Beijar a Lia era viciante e eu tive a sorte de beijá-la três vezes (quatro agora). Mas aquele beijo era diferente dos outros, tinha paixão. Era quente e intenso como os outros, mas agora tinha desejo e paixão. Lia estava com as mãos nos meus cabelos e eu com minhas mãos percorrendo toda a extenção das costas dela. Aquele momento não poderia ser mais perfeito.

Tudo ficou ainda mais intenso quando ela colocou as pernas ao redor da minha cintura. Era quase impossivel controlar o desejo de tê-la para mim. Não queria parar de beija-la nunca mais, mas o ar se tornou necessário e tivemos que parar o beijo.


–Fica comigo Lia!Pedi enquanto tentava recuperar o ar.

–Eu já estou com você.Disse ela de olhos fechados.

–Eu quero ficar com você não só como amigo que se beija as vezes. Eu quero ficar com você de verdade.Falei acariciando a cintura dela. –Será que você não vê como a gente junto é bom?

–Vitor, você nem me conhece. Não sabe nada sobre o meu passado e...

–Você também não sabe muito sobre o meu passado. Eu sei o suficiente sobre você para ter certeza de que quero ficar com você. Falei a olhando nos olhos. – O que vivemos antes de nos conhecer não importa mais, só o que importa é o nosso presente juntos e o nosso futuro. Fica logo comigo menina!Disse rindo.

–Vitor, eu...A interrompi beijando-a como se a minha vida dependesse daquilo.

–Fica comigo!Pedi entre beijos.

–Tá bom! Eu fico com você!Disse ela sorrindo e me beijando em seguida.

Nós ficamos mais um tempo nos beijando e aproveitando a água antes de voltarmos para o acampamento. E agora íriamos voltar não só como amigos, nós estávamos realmente juntos.

Nem acredito que a Lia finalmente me deu uma chance. Eu tinha decidido que não deixaria mais o meu passado dizer como eu iria viver. Então agora eu vou fazer de tudo para fazer a Lia feliz.

Lia:

Eu sei o que você deve estar pensando. “Ela disse que não acreditava no amor e que o amor era coisa que a gente inventa e agora estava ‘namorando’ o Vitor”. Pois é, eu paguei a minha língua! Eu estou mesmo gostando do Vitor. Mesmo nunca tendo amado ninguém eu acho que estava começando a amá-lo. Ele era especial, lindo, me entende, é sincero e uma ótima companhia. E o melhor: ele realmente gosta de mim!Não estou dizendo que estou morrendo de amores por ele e que nós vamos viver felizes para sempre, pois eu não acredito nesse tipo de coisa. Estou dizendo que pela primeira vez na minha vida, eu vou me esforçar para que isso dê certo.

Voltamos para o acampamento juntos e todos já tinham voltado. Tivemos que ouvir o sermão do Robson e do Cezar calados, afinal, nós estavamos errados. Depois eu fui para a minha barraca e encontrei a Ju e a Fatinha fofocando.

–Aí está a nossa marrentinha desaparecida! Diz aí Lia você tava dando uns pegas no anjo não é?Perguntou Fatinha rindo.

–Eu estava mesmo Fatinha! Porque? Tá com ciúmes?Perguntei adimitindo que estava com o Vitor.

–Não estou com ciúmes, na verdade, estou amando essa estória!Disse ela animada.

–Vocês estão juntos amiga?Perguntou Ju.

–Estamos sim! Eu aceitei ficar com ele hoje. Falei sorrindo.

–Eu não acredito!!! Lia Martins apaixonada? Eu pensei que ía morrer antes de ver isso!Disse Fatinha rindo.

–Não era você quem dizia que: amor não existe e que paixão era uma coisa que a gente inventa pra não nos sentirmos vazios?Perguntou Ju implicando comigo.

–Pode ir parando dona Juliana! Não vem jogar na minha cara o que eu disse! Eu ainda acho essa estória de amor uma bobagem, mas não posso negar o que eu estou sentindo pelo Vitor.

–A Lia tá apaixonada!Disseram as duas juntas.

Passamos o resto da tarde conversando dentro da barraca. Mas também, não tinha mais nada pra fazer (choveu a tarde inteira). Quando a chuva finalmente parou, já era noite. Saí da barraca e toda a turma estava ao redor de uma fogueira que o Cezar e o Robson estavam fazendo.

Vitor assim que me viu venho até mim e me deu um beijo na frente de todos. Eu sorri e o abraçei. Estava amando isso que eu estava sentindo.

–Espera aí! É isso mesmo? LiTor assumiu de vez?Perguntou Orelha filmando com o celular.

–É isso mesmo! A Lia e eu estamos juntos.Disse Vitor e me deu um selinho.

–LiTor é tão fofo!Disse Fatinha sorrindo.

–Até que fim voces assumiram! Tava na cara que vocês iriam acabar se pegando!Disse Pilha sorrindo. –Parabéns LiTor!

–Valeu Pilhote!Falei rindo da animação dele.

–Então o casalsinho resolveu assumir foi? Sinto muito dizer mais vocês não combinam!Disse Dinho sorrindo maldoso.

–Isso tudo é dor de cotovelo Dinho? Pois fique sabendo que nada do que você disser ou fizer vai acabar com a minha felicidade.Disse Vitor sorrindo feliz.

–Quanta bobagem! Não sei porque dar tanta importância pra isso. Tá na cara que esse namorinho não dura nem um mês!Disse Luana morrendo de raiva.

–Cala boca aí coisa recalcada! A conversa ainda não chegou no setor infantil!Falei irônica.

–Vamos parar com essa discusão boba meus amores?Disse Robson entrando no meio da confusão. – Discussão pode? Não pode! Todo mundo aproveitando a fogueira agora!

Vitor pegou um cobertor e me fez sentar entre suas pernas nos cobrindo com o mesmo cobertor. Estavamos todos ao redor da fogueira apenas aproveitando o silêncio da floresta e escutando as estórias do Robson.

–Tá gostando do acampamento?Perguntei baixinho.

–Com você aqui é quase impossivel não gostar!Disse ele beijando meu ombro.

–Eu nunca vou me acostumar com isso!Falei rindo.

–Vai sim! Pode apostar que vai!Disse ele sorrindo.

Depois do jantar, Robson mandou todos nós irmos dormir. Dei boa noite para o Vitor já que só o veria amanhã e fui para a minha barraca. Apesar de não estar com muito sono, eu estava bastante cansada então acabei dormindo bem rápido. Estava dormindo tranquilamente quando escuto alguém entrando na barraca. Pensei que fosse a Ju mas quando olhei me surpreendi ao ver o Vitor.

–Tá fazendo o que aqui seu maluco? Se o Robson nos pegar estamos mortos!Falei me sentando.

–Calma linda! Está tudo certo! O Robson já esta dormindo e amanhã bem cedo eu saio antes que ele acorde.Disse ele sorrindo.

–E a Ju?Perguntei enquanto ele se aproximava de mim.

–Esta na minha barraca com o Gil! Agora vamos parar de falar deles, eu tô com saudade de você!Disse ele e me beijou.

Ele me deitou e ficou por cima de mim me beijando. Minhas mãos já estavam por dentro da camisa dele e as dele percorriam toda a minha perna se infiltrando por baixo da minha camisa. Eu estava dormindo só de camisa, não conseguia dormir de pijama. As coisas começaram a ficar quentes e a vontade de me afastar dele estava sumindo a cada segundo. Mas, eu ainda não conseguia fazer isso. Estavamos indo rápido demais. Então juntei toda a minha força de vontade e me afastei dele.

–Hoje não Vitor!Falei tentando recuperar o fólego.

–Desculpa Lia! Eu acabei perdendo o controle!Disse ele.

–Não tem problema! Mas, vamos esperar um pouquinho para darmos esse passo tá?Pedi envergonhada.

–O tempo que você quizer!Disse ele sorrindo.

–Vem, vamos dormir juntos!Nos deitamos e acabamos dormindo abraçados.

Dois dias depois...

Esse foi o melhor acampamento do mundo! Nunca me diverti tanto na minha vida! Tudo isso graças ao Vitor e as minhas queridas amigas Ju e Fatinha. Preciso dizer que aprontamos muito nesse acampamento? Não né! A Polly jogou as roupas da Fatinha no mar e ela quase surtou. Sorte que a Ju levou bastante roupa e dei algumas pra ela. Mas como eu não gosto de deixar as coisas barato, ajudei a Fatinha se vingar da Polly. Como? Colocamos cola no travisseiro dela! Resultado: Ela ficou quase careca tentando tirar o travesseiro da cabeça! Até o Vitor se divertiu com isso. E por falar nele, nunca pensei que fosse me apegar a uma pessoa tão rápido como eu estava com ele.

Nós estavamos tão bem juntos que eu diria que estou vivendo um conto de fadas. Viajei na maionese agora né? Nem eu estava mais me reconhecendo. Mas estava adorando estar com o Vitor. Ele realmente era bom pra mim.

Pena que tudo o que é bom dura pouco! Agora estávamos de volta ao colégio. Saí do ônibus com o Vitor. Quem diria que eu iria pro acampamento com um amigo e voltaria com um namorado! Loucura demais pra mim!

–E aqui estamos nós de volta!Disse Vitor enquanto íamos pra minha casa.

–Queria ter ficado mais tempo lá!Falei triste.

–Um dia a gente volta lá linda! Disse ele me abraçando de lado. – Ir nesse acampamento foi a melhor coisa que eu fiz.

–Pensei que a melhor coisa que você fez foi ficar comigo.Falei implicando com ele.

–Isso também! Mas se eu não tivesse ido, não estariamos juntos agora.

–Você tem razão!Concordei rindo.

–Vitor Machado?Perguntou um policial.

–Sim, sou eu.Disse Vitor ficando nervoso.

–Você está preso!Disse o policial.

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