quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Miley Cyrus deveria ser mais apreciada do que condenada

Apresentações bombásticas, fumar maconha no palco (no MTV EMA 2013), usar roupas provocantes, dançar o twerk. Muito pode ser dito sobre Miley Cyrus. E o que mais se vê sobre ela na imprensa é o quanto ela é inconsequente, bizarra, o quanto os looks que ela usa estão mais para o “vulgar sem ser sexy”. Mas será que condená-la é a coisa certa? Apesar de eu não ser fã, acredito que a cantora tem muito mais a oferecer e por isso fiz um apanhado de algumas entrevistas dela, momentos que ela fala sobre a vida, sobre como lida com a fama e com a condenação mídia. Então, pelo menos no aniversário da cantora, vamos relembrar os momentos legais da Miley.


Em entrevista para a Rolling Stone, em setembro, a cantora mostrou que a língua dela não serve somente para ser exibida nas fotos. Ela consegue discutir sobre vários assuntos, sempre defendendo o seu ponto de vista e ainda apresenta uma sabedoria de quem já está no showbusiness há muito tempo, o que com certeza é o caso dela, já que cresceu dentro da indústria cultural.

“Eu acho que maconha é a melhor droga do mundo”. Alerta de declaração bombástica na entrevista, e de fato foi. Mas será que a declaração merece tanto burburinho assim? Em muitos lugares do mundo a droga já é legalizada ou o uso é descriminalizado. Em Los Angeles, por exemplo, cidade em que a cantora mora, a droga foi legalizada. Então, por que tanto ódio? Acho que a premissa do “haters gonna hate” é mais forte do que nunca nesse caso.



Outro ponto muito interessante da entrevista para o Rolling Stone foi falar sobre o bombardeio que ela sofreu da mídia, depois da apresentação no VMA. “Ninguém falou sobre o homem por trás do traseiro. Foi tudo muito ‘Miley rebola em Robin Thicke’, mas nunca ‘Robin Thicke se esfrega em Miley’”, disse a cantora. E por um lado – muito significativo – Miley está certa, pois não sobrou nenhuma crítica para o rapper. E vale lembrar que a música de Robin Thicke faz uma apologia muito grande ao estupro (pode checar a tradução da música Blured Lines).

Para a revista Cosmopolitan, Miley também falou sobre não ser bem vista entre outros artistas. “Eu realmente não me importo. No final do dia eu posso dizer que sou uma boa pessoa, trato todo mundo bem então não há razão alguma para críticas porque eu só quero ser a melhor para todos”, afirmou. Nessa entrevista, a cantora citou Kanye West e Katy Perry como artistas que a apoiam. “Não quero dizer que estou no topo do mundo no momento. Me sinto como uma azarada legal. É punk rock gostar de mim porque não é ‘o certo’ como se a sociedade quisesse me derrubar”, desabafou.


E de fato, com tantos veículos de comunicação destilando ódio contra as atitudes da cantora, parece que tem alguém (ou algo?) querendo derrubá-la. Eu não sendo fã da cantora, reconheço que as atitudes dela e a pressão social que existe para não gostar dela não me afetam. Mas o que me afeta, e acho que afeta também outras mulheres, é o fato de ela não poder fazer o que quer livremente. Será que ainda estamos vivendo na década de 1950 e ninguém me avisou?

Portanto, posso dizer que respeito a Miley, por ter coragem de fazer o seu trabalho (no qual cada movimento é friamente calculado, acredite ou não). E além de desejar que ela tenha um feliz aniversário, também almejo que ela continue fazendo o que acha certo – colocando a língua para fora ou não –, até que ela e todas nós mulheres possamos ser livres para fazer as escolhas que queremos, seja quais forem elas.

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