Capítulo 35

..No outro dia depois da aula...

-Cara, a Roberta passou o dia me evitando. – Diego disse a Tomás enquanto almoçavam.

-Ótimo pra você. Nem precisou ter o trabalho de acabar com ela.

-Nada disso, eu só iria acabar daqui a uma semana.

-Porque você quer, porque você só ta com ela por causa do seu pai, e agora ele já liberou o seu violão, então ótimo.

-Mas mesmo assim, eu não queria acabar agora.

-É, a Roberta é muito gostosa mesmo, aproveita mais um pouquinho.

-Não é só isso, ela é diferente das outras, ela tem um coração tão bom, você tinha que ver ela defendendo minha cozinheira ontem.

-Ah Diego, aguentar amigo apaixonado não, vai falar essas coisas com a Mia, dá mais certo, ela vai querer escutar tudo.

-Eu não to apaixonado, é só que ela é incrível, linda, única... – Ele falou com os olhinhos brilhando.

-Eu sabia que você não iria acabar com ela logo!

-Oi meninos, Diego vai ter ensaio agora, vamos. – Mia o puxou pela mão.

-Pronto, agora que estão todos aqui podemos começar. – Lupita disse.

-Gente, eu to bem preocupada, Nico já tem que pagar a mensalidade e ainda não conseguimos nada. – Roberta falou desviando o olhar de Diego.

-Eu fiz uma música “Ser o parecer”. – Lupita disse mostrando um papel.

-Eu também fiz uma, mas ta lá no meu quarto. – Roberta disse. – Vou buscar. – Ela foi para o quarto e Diego a seguiu.

-Roberta? –Diego disse fechando a porta.

-O que é Diego?

-Vai passar o dia me ignorando mesmo? Por causa de uma besteira?

-Besteira, Diego? Eu pensava que você era diferente do seu pai, mas é a cópia, e vai ficar ainda pior quando tiver na idade dele.

-Não fala isso, eu não iria conseguir ser igual a ele.

-Ah, não? Só porque você é mais rico, se acha superior. Bem típico do seu pai. Desrespeita as pessoas. Liga mais para a classe do que pra o interior. Não consegue pedir desculpas. Se acha o melhor, pensa que eu não lembro de quando a gente se conheceu, da sua grosseria por causa da mala que caiu no seu pé? E aquele texto do amor, quando você disse que todo mundo se apaixona quando te conhece, e fez “vai dizer que não sentiu nada agora?” – Ela disse imitando a voz dele. – Você lembra?

-Roberta, não exagera...

-Eu não to exagerando nada, Diego! E por que você namorou com a Pilar hein? Vai dizer que se apaixonou por ela?

-Não...

-Então por que namorou com ela? – Ele não respondeu. – VAI DIEGO, FALA! – Roberta gritou chacoalhando os ombros dele - ME RESPONDE!

-Eu era virgem. – Diego disse por fim olhando pra baixo.

-E daí que você era virgem?

-Eu tinha vergonha disso... Muita infantilidade, e eu tinha fama de galinha, garanhão, imagina se descobrissem...

-Diego, eu SOU virgem. – Roberta o interrompeu. – Vai ter vergonha de mim agora?

-Você?

-Hm, sim. Por que?

-Sei lá, você parece tão confiante, tão segura...

-Ou pelo menos tento. Mas e aí, vai ter vergonha de mim agora?

-Não, claro que não. Eu sempre tive vergonha de mim... Na minha família principalmente. Eu sempre fui o pior filho, o único que não tira as melhores notas da sala, o único que o meu pai dizia que não tinha orgulho. E eu sempre tentei ser igual a eles sabe? Não, você não ta entendendo.

-To entendendo sim...

-Não, você não tem como entender, se nunca teve motivo nenhum pra ter vergonha, sempre foi linda, simpática...

-Diego, você se lembra de quem eu sou filha?

-Eu sei, de Alma Rey.

-É a coisa mais difícil do mundo. Na maior parte do meu tempo eu não sou Roberta, eu sou a filha de Alma. Sabe o que é você ficar sendo comparada com a sua própria mãe o tempo todo? – Roberta disse começando a lacrimejar.

-Meu amor, você é linda... – Diego disse com a maior sinceridade do mundo.

-Diego, olha pra mim, você já amou a Pilar?

-Não, mas foi a melhor maneira que eu tinha de fugir dos meus problemas.

-E eu, você me ama?

-Eu te amo mais que tudo no mundo, minha pequenininha. – Diego disse dando selinhos.

-Então promete que vai me deixar te ajudar.

-O que? –Ele disse confuso.

-A passar por cima dos seus problemas sem ter que fazer outras pessoas se sentirem inferiores, a enfrentar o seu pai...

-Só se você prometer ficar comigo pra sempre.

-Olha, vamos começar agora, vamos lá pedir desculpas à Maria, e aí a gente começa uma vida nova, certo? Você vai enfrentar os problemas com o seu pai, eu vou te ajudar. –Diego assentiu.

-Roberta, meu deus... – Diego falou a encarando.

-O que foi?

-Obrigado, eu te amo demais, mais que tudo.

-Eu também, vamos. – Ela disse pegando a bolsa enquanto eles saiam do quarto.

...Na casa de Diego...

-Boa tarde Diego, o que deseja? – Uma secretária disse enquanto eles entravam na sala dos Bustamantes.

-Eu quero falar com a Maria. – Disse passando os braços em volta da cintura de Roberta e dando um beijo na sua cabeça.

-Só um minuto. – Em mais ou menos dois minutos uma mulher apareceu, loira, com os traços do rosto bem bonitos até, Roberta poderia até pensar que era irmã do Diego se não estivesse tão descuidada, dava para ver que era nova.

-Diego, eu já passei sua camisa que você tinha pedido, me desculpe pelo outro dia e... –Maria disse.

-Não, não, não, eu que vim aqui te pedir desculpas. – Diego a interrompeu.

-Você o que?

-Maria, senta aqui. – Diego apontou para o sofá.

-Não, se o senhor Bustamante vê eu sou demitida.

-Olha Maria, eu também sou dono dessa casa, senta aqui, é uma ordem. – A moça sentou na ponta do sofá sem jeito. – Sabe, você sempre foi nessa casa a pessoa que mais cuidou de mim, desde que eu nasci... E eu nunca te agradeci por isso. Você sempre mostrou se importar comigo mais do que meus pais, sempre cuidou de mim quando eu tava doente... – Ele disse botando sua mão em cima da dela. –Desculpa por tudo Maria. Você sempre foi como uma mãe pra mim e eu nunca te disse isso. – A mulher desabou em lágrimas.

-O que aconteceu Maria? – Roberta perguntou.

-Você também sempre foi como um filho pra mim Diego, o filho que eu perdi...

-Você já teve um filho? Tão nova? – Roberta perguntou.

-Eu tinha 15 anos. Mas eu não quero falar disso. – Ela disse se enxugando rápido as lágrimas. – Bom, eu já vou indo então, você quer sua camisa? – Ela se levantou.

-Não, era só isso mesmo. Estamos indo. – Ele disse passando a mão na cintura de Roberta enquanto eles iam para a porta. – E então, fui bem? – Ele disse no ouvido dela.

-Foi ótimo, meu bebê. Agora vamos voltar, Mia, Miguel e Lupita vão dar uma broca na gente, nós não voltamos para ensaiar.

-Prepara os ouvidos, já escutou a Mia gritando?

-Não, e nem pretendo. O melhor é irmos cada um para o seu quarto e amanhã conversamos com eles.

-Por que você não vai lá pra o meu quarto hoje a noite? – Ele disse enquanto eles pegavam um taxi.

-Pra que?

-Você sabe...– Ele disse descendo os beijos pelo seu pescoço.

-Não, eu... Eu não to preparada, desculpa. – Ela disse envergonhada.

-Por que não meu amor?

-Diego, agora não... Por favor. – Ela disse abraçando Diego. – Eu sei que eu posso parecer uma menininha imatura, mas... – Com a cabeça encostada no seu peito.

-Não, eu que fui rápido demais, me desculpa ok? – Ele disse dando um beijinho na sua cabeça.– Eu te amo muito.

...Na casa de Diego...

-Por que não está na cozinha Maria? – León perguntou.

-Eu vim falar com o Diego.

-Você falou o que com ele?

-Nada León, não se preocupe. – Maria disse indo pra cozinha, ele a puxou pelo braço brutamente.

-Se você ousar contar qualquer coisa a ele... – Ele disse apertando o seu braço forte. –Vai ser isso. – Ele deu um tapa na cara dela que caiu no chão. – E muito mais. Você é um lixo, mulher. Volte pra cozinha.